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Séchu Sende: “é melhor muita gente a participar um pouco que pouca gente a participar muito” - Cabecera

Séchu Sende: “é melhor muita gente a participar um pouco que pouca gente a participar muito”

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Séchu Sende (Padrón, 1972) é autor de diferentes obras narrativas como Orixe (Premio Blanco Amor de novela, 2003), Made in Galicia (2007) ou a súa última publicación Viagem ao Curdistám para apanhar estrelas (2012). Tamén destaca pola súa poesía con obras como Odiseas 1998) ou a súa última publicación poética Os cavalos estám a viver as nossas vidas (2011) e sen esquecermos xenial obra teatral Pelos na lingua (2012), obra posta en escena múltiples veces, e texto que gañou o “Premio María Casares” así coma o “Max” no ano 2012, onde hai un sketch baseado nun conto seu. Nestes intres a compañía “Sermola Performance” está a representar en Istambul unha peza teatral, e ten preparadas tres máis, baseada no seu libro Made in Galicia, traducida ao turco e ao kurdo por Pepa Baamonde e Irfán Guler. En datas vindeiras esta obra sairá traducida ao catalán.

Nas diferentes historias de literatura soemos encontrarnos con xeracións, grupos… Que pensas destes agrupamentos, ti que figuras na “Xeración dos 90” e que segues neste século a producir literatura?

Cheguei a Compostela com 18 anos e ao pouco já estava liado no “Coletivo Poético Serán-Vencello”, formado por gente novinha e transgresora. Aí descobrim a energia que tem a força coletiva, e tivem muita sorte de conhecer a Xan Castro Huerga, por exemplo, naquel grupo. Vivim a criaçom de “Letras de Cal”, esse projeto autogestionado, onde compartilhar muitas emoçons e ideias, e continuei a aprender ao lado de Eduardo Estévez, Rafa Vilar, Igor Lugris, Carlos Quiroga… e muita outra gente. O primeiro livro dumha María Lado de 17 ou 18 anos, por exemplo, saiu dessa aventura. E lembro que num daqueles recitais compostelaos em bares e pubs ouvim por vez primeira –penso que foi a sua presentaçom em público- a Lupe Gómez, asombrosa. Forom anos de muita intensidade, de aprendizagem, do Obradoiro de Literatura da Faculdade de Filologia, das noites a ler poesia no cemitério velho de Bonaval, das primeiras viagens polo país para ler poemas e conhecer gente… Estes agrupamentos dam-se por questions biológicas, é umha questiom de idade… Mas entre aquela gente, além de compartir um mesmo tempo histórico, sempre houvo umha tendéncia à procura persoal das próprias expresions. Aparecerom algumhas tendéncias que compartilhavamos algumhas de nós, mas outras diferenciavam-nos de igual jeito. Deu-se o que se deu em chamar umha socializaçom do feito poético, porque havia umha vontade manifesta de criar canles de expresom, através de coleiçons de poesia populares, a criaçom de redes de distribuiçom descentralizadas, a ocupaçom de novos espaços, como pubs ou escenários…

Sen embargo cómpre dicirmos que nos fins do século pasado a nosa literatura viviu un movemento sublime que hoxe é un referente, ou non?

Desde logo daquela ninguém era consciente de que 20 anos despois alguém iria falar assi daquel movimento… “Sublime”, vaia. Si, havia muitas petits morts nos poemas… E tamém havia muita precariedade, e fixo-se muito trabalhinho, ativou-se um ativismo poético que entendia o feito poético –e estou a geralizar- dum jeito mais social, nom só nos temas, tamém nos procedimentos de comunicaçom. E havia muita gente, o Batallón da Costa de Morte, por exemplo, reunia muitíssima gente. Gente como Tomás Lijó, hoje um referente na criatividade disidente do país, foi um daqueles poetas novos do Batallón, por exemplo. Deixou de ser poeta… no sentido convencional, claro, mas é um exemplo de como o associacionismo poético dos 90 atraeu gente que escrevia por todo o país. Era um momento de descubertas. Descobrer a Celso Fernández, ou a Juan Vidales, ou a Yolanda Castaño e ir construíndo um tecido de relaçons que tinham na poesia o eixo de uniom foi mui interessante. Mas havia mais cousas, claro. Porque eu através de María Lado conhecim a David Rubín. Ou já no 2002 é graças à atividade poética arredor do Prestige que conheço a Bocixa, o cantante de Zenzar. E a muita outra gente.

E tamén, falando dos 90, xurdiron moitos colectivos poéticos (“Dólmen”, “Batallón Literario da Costa da Morte”, “Ronseltz”…) e ti mesmo colaboraches no “Serán Vencello”. Puido esta diversidade estética, espacial… ser rendíbel ou contraproducente?

Serán-Vencello eramos rapaces que nos conhecemos em primeiro de carreira. Despois uniu-se Galia Blanco. E cada quem tinha a sua própria linha, o seu próprio espaço que compartiamos nos cadáveres exquisitos no Bar Rhin e nas performances loucas em que se convertiam os nossos recitais. O nosso padrinho em Compostela foi Novoneyra, que nos apadrinhou no nosso primeiro recital, o nosso mestre Jedai. Visto desde hoje, Serán-Vencello foi umha espécie de anomalia, um grupo de rapaces –homes- com textos mui disidentes, mesmo da própria tradiçom literaria galega, basicamente individualistas, com referentes como Bukovsky, Reinaldo Arenas, o surrealismo, Manuel Antonio… Para mim foi umha experiéncia iniciática: cheguei de Viveiro à capital, e conhecim gente que fazia muitas mais loucuras das que eu nunca puidera imaginar. Lembro que numha das a primeiras reunions estivemos a planificar umha viagem a Rusia… E eu, com os olhos mui abertos, pensava: Óstia, estes vam em sério. Assi que em Serán-Vencello aprendim que a poesia podia mudar –mais- a minha vida, literalmente. Porque claro, a mim mudara-me a vida havia pouco tempo, porque havia mui pouco tempo que eu cambiara de língua e era um neofalante a abrir muito os olhos para aprender todo o que puidesse. Da minha experiéncia com Serám-Vencello nom houvo nada contraproducente, salvando a morte de Xan Castro Huerga, o meu primeiro amigo em Compostela, que se converteu em irmao. Até que morreu num acidente de moto. Um poeta dos grandes que algum dia tem que ser publicado e conhecido.

made-in-galiciaQue papel supuxo “Letras da Cal” para aqueles/-as novos/-as creadores/-as? Por que hoxe botamos tanto de menos proxectos semellantes e as máis das veces a nova creación depende moi directamente dos premios, especialmente a lírica?

Letras de Cal para mim supuxo o meu primeiro contato com o mundo editorial, entendido no sentido menos profesional: Letras de cal naceu para publicar gente nova. Se nom lembro mal, no conselho editorial eramos entre 20 e 25 persoas. Havia gente que imprimiu muita energia na organizaçom, no ativismo de Letras de Cal, como Rafa Vilar ou Eduardo Estévez, ou Igor Lugris ou Carlos Negro… Era um projeto que nacia tamém como oposiçom a um conceito de poesia mais elitista. Letras de Cal tinha a intençom de achegar a poesia a espaços onde nom entrara. Os livros tinham preços populares e tamém as autoras e autores participarom deste achegamento às leitoras e leitores. E foi autogestionado, fruto do ativismo, do trabalho compartido. Hoje há iniciativas de tanto valor ou mais que Letras de Cal. Há projetos editoriais que desde a precariedade, a disidéncia, a resisténcia estám publicar alguns dos projetos literários mais interessantes do que levamos de século XXI. Estaleiro, Corsarias, Através, Apiario, Urco, e sempre Positivas… Cada tempo, cada momento tem as suas ferramentas para resistir e criar e Letras de Cal foi o que foi daquela, e hoje som outros tempos, muito mais adversos, por certo, para a nossa língua e a nossa literatura e, por tanto, para a gente nova que fala e escreve em galego e que, apesar de todo, está a construír umha literatura mui valiosa, dentro e fora dos livros de poesia.

E tras esta época eminentemente lírica, a túa obra pasa a se centrar especialmente na narrativa… por que?

É que eu nom gosto de distinguir os xéneros. Odiseas, o meu livro em Letras de Cal, tem momentos convencionalmente líricos e outros que seriam decritos polos manuais de literatura como narrativos. Mas o meu romance Orixe tem muita mais linguagem poética do que desde umha óptica tradicional se espera dumha obra narrativa. Animais... Ninguém sabe, nem eu mesmo, que tipo de livro é Animais… É poesia? É narrativa? Tanto tem. Há versos e há parágrafos em prosa, e isso é todo.

No 2003 acadas o “Premio Blanco Amor” de novela coa obra Orixe. Que supuxo semellante premio para unha das túas primeiras inmersións na narrativa?

Umm, o tema dos premios é mui complexo. Orixe tivo sorte. Pode que esse ano se apresentaram obras mais interessantes e se fosse outro o júri talvez outro seria o livro premiado. Essa sensaçom foi a que tivem eu ao ano seguinte, quando formei parte do júri. Desde aquela prefiro nom participar em júris. Orixe tivo sorte porque recebeu projeçom, visibilidade. Mas eu comprendim que, despois desse romance mais ou menos elitista, para o mundo literário, para a gente que le, devia seguir outros caminhos. E chamo-lhe elitista porque muita da gente que eu apreço –minha mai, que poucos livros leu na vida, por exemplo- nom passarom da segunda página… Pouco despois apresentei o Made in Galiza ao Torrente Ballester mas nom foi premiado. Nom quero dizer com isto que o merecesse, claro. Mas quando o livro se publicou e vim –às escondidas- á minha sogra a ler o livro com muita emoçom, e rindo em voz alta, tivem umha estranha sensaçom, mui agradável, muito mais agradável que a que tivera quando recebim a notícia do Blanco Amor ou quando me disfrazava de apicultor nos lançamentos… Orixe tivo sorte, daquela e eu tamém. Porque de súbito recebim um reconhecemento público determinado e cheguei a ir à tele galega a umha entrevista e essas cousas. Já era considerado um “escritor”, como se aquel prémio fosse um certificado de qualidade ou algo assi. Mas Orixe representa um momento da minha vida que já daquela preferia esquecer, passar página.

E falando desta obra… por que personificar un proceso individual, persoal, nun país coma o noso nunha época de profunda transformación?

No romance há duas linhas de acçom, umha individual, representada por Mario e Laura e a enfermidade, a patología da vertigem. E outra linha de acçom coletiva, com dinámica de resisténcia, de guerrilha da comunicaçom numha ditadura. Eram os tempos de Nunca Mais, o Prestige chegou com o romance a medias. E lembro aquela entrevista na TVG, onde digo diretamente que o Ditador era um trasunto do próprio Manuel Fraga. É um romance, tu bem o dis, sobre a transformaçom, sobre a mudanza persoal e social. Nasceu dum momento persoal mui duro para mim, um sofrimento terrível. E rematou com a descuberta da energia coletiva como motor de cámbio, de renacemento.

Poderá realmente o noso país liberarse, como ocorre na ficción con Mario o protagonista, con imaxinación e con amor ou cumprirían outros moitos aspectos?

Nom sei se chegaria a imaginaçom e o amor, Ferrin falava de pólvora e magnolias. Mas a liberaçom do país passa pola vontade coletiva. Assi que precisamos muita gente a procurar vias múltiples de liberaçom… A literatura é interessante. Mas nom está entre os meus projetos escrever um manual para liberar um país. Estaria melhor um tema de Sés ou um programa na TVG presentado por Gafas e Pallaso. Do que nom tenho dúbida é de que Galiza pode liberar-se. De feito já há muitas Galizas liberadas dentro de muita gente.

A túa primeira obra poética publicada foi Odiseas (1988). Por que ti mesmo a definiches como “Umha odiseia de odiseias” ? É máis unha odisea persoal ca unha odisea de viaxes ou á inversa? Por que o teu gusto pola personificación á hora de escribires, como xa vimos ao falarmos de Orixe?

Odiseas é a minha primeira aventura, eu sabia isso: é a minha primeira nave a navegar, a minha expediçom a terras virgens. O meu primeiro livrinho, pequeninho, tinha essa vontade: o de ser como um envelope com um selo de Madagascar e, ao mesmo, tempo, a aventura de compartir viagem com os fascistas do Partido Popular. Lembro que Manuel Outeiriño me dixera que pensava que o livro estava escrito por muita gente diferente. Essa era a minha intençom. Nom só aportar textos sobre muita gente diferente, tamém aportar textos escritos polas diferentes persoas que eu som. Porque penso que cada umha de nós leva dentro muitas persoas, muita gente diferente.

E tras o anterior, chegamos a Animais… Outra vez a procura dunha liberdade, dunha xustiza “xusta”… nunha palabra, da visión da luz ao final dun tenebroso túnel no que se acha o noso país… e que mellor exemplo cá liberdade dos animais…

Vivo essa tensiom desde sempre. Penso que neste país vivemos essa tensiom muita gente e já desde crianças. Na minha, como em todas as famílias, conhecim a tensiom entre o fascismo e o antifascismo. Todas temos fascistas na família. Queremo-los, som as nossas avós, os nossos país, as nossas tias… Conhecemo-los bem. Tamém nos compadecemos deles e, claro, o fascismo sempre produce nausea, raiva, ódio. Sabemos que muita dessa gente foi vítima dum processo histórico violento, dum sistema escolar terrível. Mas som fascistas. Se estivesse na sua mao, a nossa língua desapareceria dum dia para outro. Ou as persoas homosexuais, ou as imigrantes… E Espanha seria mais unha, grande e livre no sentido franquista do termo, ou seja, terrível. Ou seja, mais Espanha, no sentido tradicional. Mas, já que os conhecemos tam bem, sabemos que mesmo no coraçom dum fascista galego, aí, nalgures, está Galiza, o nosso país, dalgum jeito. Remember Fraga: “Galego coma ti”. E aí está um dos retos da minha geraçom, intentar mudar a sociedade num país onde a ideologia nacionalista espanhola, uniformista, autoritária, galeguicida, tem umha presença social mui forte nom só nos medios institucionais do sistema, como a prensa ou os lobbys económicos e redes caciquis.

Os animais representam a natureza. Defendendo-os a eles defendemos a vida. Porque nós, como umha espécie mais, tamém somos animais. E, como se di no livro, se nos defendemos a natureza, a natureza protege-nos a nós. A Galiza vai-lhe mal porque à nossa natureza vai-lhe mal, porque à nossa língua lhe vai mal. Se protegessemos a nossa natura e a nossa cultura Galiza seria umha sociedade diferente. Ou sem condicional: alá onde se protege a natureza e a cultura deste lugar do planeta que nos tocou as cousas vam melhor: dentro dumha casa, num cole, numha aldeia, numha vila…

sechu-sende-2E tamén teremos que achar a personificación na túa obra Os cavalos estám a viver as nossas vidas?

Emilio Araujo pediu-me um poema para ilustrar umha fotografia. Foi um reto. Foi como caminhar sobre um arame a cem metros sobre o chao, sem rede. Foi um texto que saiu do sofrimento. Mas saiu. Menos mal. Fiquei satisfeito do texto. E aí está.

E de falarmos de Galiza como pobo, pasas a te mergullar no apartado da nosa lingua e xorde Made in Galiza, unha obra de relatos que vai ser un referente literario á hora de nos mergullar na nosa sociolingüística… A ironía, o humor, a sátira… van ter un peso especial nesta obra, ou non?

Este livro é um mecanismo de defensa, de resisténcia e de criatividade da nossa identidade, num tempo e num lugar concreto. É triste que numha sociedade tenha que criar um livro assi: um livro contra a colonizaçom lingüística, contra a submisiom no proceso de asimilaçom. O Made in Galiza poderia ter-se escrito noutros lugares por todo o planeta, poderia ter sido Made in Curdistám, Made in Bretanha ou Made in Euskal Herria ou Made in qualquer dos territórios com um conflito lingüístico, político e identitário parecido ao nosso. O normal, o mais frecuente neste planeta é que a gente viva em territórios com conflitos desse tipo. O mais normal do mundo é falar um dos milheiros de línguas em processo de minorizaçom ou de revitalizaçom. O Made in Galiza é a resposta galega, desde um livro, a esse conflito que noutros lugares, e aqui, claro, se expresa através da música, o teatro ou a luita armada. O Made in Galiza aproveitou mui bem as minhas vivéncias com o humor político da Burla Negra, na época do movimento cidadám Nunca Mais, e a convivéncia com humoristas como Carlos Santiago, Miguel de Lira, Mónica Garcia, Tomás Lijó, Carlos Meixide, Suso Sanmartin, Federico Pérez, Berrobambán, e muita gente mais, essa geraçom que fixo e fai do humor umha ferramenta de cámbio social. É expresom dumha tradiçom, a da retranca, que Marcial Gondar explicou em termos de defensa, de resisténcia, desde um ponto de vista antropológico, e que continua a se transmitir de geraçom em geraçom porque as condiçons de opresom, longe de minguar, incrementarom-se. É o Mexam por nós e caghamos por eles, d´O Leo. O humor do meu alunado de Vila de Cruzes.

Cando te decataches do interesante que sería empregar a mestura de ensaio-relato para facer caer ao lector na realidade da situación do noso idioma?

Mais que mesturar géneros, que tamém aparecem e variados no livro, com a intençom de dinamizar a leitura, com a intençom de que o livro ademais de ter muitas persoas a emitir, tivesse muitas destinatárias diferentes… , digo, mais que mesturar ensaio-relato, ou publicidade-relato ou poesia-ensaio, etc, o meu objetivo foi dar com um nivel de empatia determinado. Ou seja, procurar que o leitor, e a leitora especialmente, se identificasse com o que estava a suceder no livro. Ai aprendim muito, por um lado, de textos da Guerrilla da Comunicaçom, e os textos políticos modernos, e por outro, da própria oralidade tradicional do nosso país. Neste país gostamos de escoitar histórias e de sentir-nos implicadas nos sucesos. Há mais referentes –non estritamente literários- para o Made in Galiza: as cámaras ocultas da TV, a animaçom socio-cultural, os albumes de cromos de animais da infáncia, os desenhos animados, o RAP… Um dia, na praia juntou-se todo isto e, dum tirom, saiu o primeiro relato. Escrevim naquela época arredor de 200 relatos, muitos ficavam sem rematar. Era umha experimentaçom continua Algum foi escrito para Radio Fusiom, um programa que apresentava Tomás Lijó, lembro um malíssimo dum porco ao que faziam um transplante de laringe… um conto malíssimo!, he, he, he. E desses relatos selecionei os 40 que configurarom o livro.

Made in Galiza vem sendo um conjunto de histórias sobre nós, sobre qualquer nós do mundo numha situaçom semelhante. Estas histórias estám vinculadas com a tradiçom oral tradicional, mas tamém com novas fórmulas orais, como as lendas urbanas, ou a cultura do fake, as cámaras ocultas, ou seja, o jogo dos límites entre realidade e ficçom. Tamém está ligada à tradiçom poética, desde a poesia social ao surrelismo, o criacionismo. E tematicamente provém muito do mundo das ciéncias sociais, da sociologia, da pedagogia social… O livro conseguir converter-se num facilitador entre alguns dos discursos mais criativos do pensamento do seu tempo, desde o movimento antiglobalizaçom até a ecologia das línguas ou o movimento zapatista ou os procesos de autodeterminaçom. Ou seja, o livro pode chegar a ser é um facilitador, um intermediário, umha espécie de negociador num conflito. Muita gente rejeita os conflitos, nom quer saber nada de problemas, de violéncias… O Made in Galiza consegue, segundo me contou algumha gente, achegar a gente a participar, a conhecer, a experimentar o conflito central da Galiza. É a Rebeldia co Alegria da que fala o irmao Garcia, de Dios ke te Crew.

Esta obra foi traducida a varios idiomas… quere dicir isto que a pretendida ecoloxía de linguas aínda está moi lonxe de ser acadada e que esta obra pode ser máis universal do que pensamos?

Esta obra, como muitas outras literárias ou nom, é o resultado dum processo de violéncia cultural e política que se está a producir por todo o planeta: os processos de colonialismo político, económico e lingüístico. Neste caso, o proceso expansionista de Espanha sobre a Galiza originou que um escritor escrevesse um livro sobre esse asunto com muito humor, simpático, mas contundente, Eu nunca serei yo. Mas este livro, como muitas outras criaçons, pode traducir-se a qualquer língua que esteja a sofrer o mesmo proceso por todo o mundo. O estranho é que sendo este um dos temas universais, junto ao amor, a morte, o sexo, e outros tradicionalmente conhecidos, seja um tema tam pouco conhecido. Bem, nom é estranho… Ao Capital interessa-lhe que nom se conheça. Seguramente haja muitas criaçons por todo o mundo que pertencem a esta tradiçom da resisténcia e a criatividade dos povos originários, como a Galiza. Nós, além disto, temos algo ao nosso favor, a nossa língua é internacional. Falamos umha língua que é minorizada no território onde se originou mas é idioma de vários estados e tem muitos falantes. É umha oportunidade que nos diferéncia de línguas como o euskera ou o bretom, por exemplo. Eles envejam a nossa sorte, porque eles nom tenhem recursos em qualquer das funçons da língua, no seu idioma. Nós, por exemplo, podemos ponher-lhes às nossas filhas todos os capítulos de Pippi Langstrumpf na nossa língua, neste caso com sotaque de Brasil. É umha sorte falar português e galego ao mesmo tempo.

viagem-ao-curdistam-para-apanhar-estrelasPobo-lingua, unha relación que imos encontrar noutra obra túa, Viagem ao Curdistám para apanhar estrelas, unha obra de viaxes onde de novo vemos a presenza do conflito lingüístico… Se aos Reis Magos os guiou unha estrela, que estrela(s) teñen que guiar a pobos coma o galego, o curdo… e outros moitos para a normalización lingüística?

A constelaçom de estrelas da participaçom social. Dependemos de nós mesmas para que isto mude e só podemos faze-lo desde a participaçom, a autoorganizaçom, o associacionismo, a rede social. A experiéncia das escolas Semente é um exemplo de processo participativo, plural, que, saíndo da associaçom Gentalha do Pichel, em Compostela, consegue ativar muita colaboraçom e participaçom diante dumha necessidade. Nom podemos esperar mais, as nossas filhas e filhos nom podem perder a língua quando cheguem à escola, e nom podemos privar às crianças castelám-falantes dum ensino em galego, devemos criar as nossas próprias escolas. E aí estamos: cada persoa é umha estrela.

Tamén participaches na elaboración dunha excepcional e moi premiada peza teatral que durante dous ou tres anos foi unha comedia referente para moito alumnado galego, e para non alumnado, onde vían unha parodia a aquel mundo onde a diglosia está omnipresente, e estamos a nos referir a Pelos na lingua…

Em Pelos na lingua só som responsável dum dez por cento do texto, umha adaptaçom dum dos relatos do Made in Galiza. Todo o mérito é de Talia Teatro e se tenho a cabeça de Maria Casares na casa –o premio- é graças a essa gente, gente do mundo do teatro que, fronte a todas as adversidades, continua a fazer teatro, ou seja, a representar o mundo. Muito lhes devemos!

Até cando os “activistas de segunda” ou “morralla”, como nos presentou un personaxe infausto para a nosa cultura, teremos que seguir saíndo á rúa para reclamarmos o que é noso e non deixarmos que ninguén nolo usurpe?

Sempre seremos ativistas sem reconhecemento do sistema. E nom devemos saír à rua só para nos manifestar umha, duas ou dez vezes ao ano. O Manifestódromo é só umha ferramenta do ativismo, umha ferramenta convencional, tradicional e desgraciadamente pouco criativa e participativa, nos últimos tempos, aqiu na Galiza. Devemos saír à rua, aos trabalhos, às escolas, às associaçons de vizinhanza, às associaçons culturais, de enfermidades raras ou antiespecistas, ou ecologistas, ou do que for porque as cousas nom se mudam só legislando desde o Parlamento ou presionando numha Manifestaçom… As cousas mudam-se se a sociedade participa nos processos de cámbio social. Por isso é tam importante dar passo às novas geraçons, para que aportem a sua energia e força fronte aos esquemas tradicionais –os do sistema e os da disidéncia- e atualicem o ativismo naturalmente.

Umha cousa está clara: é melhor muita gente a participar um pouco que pouca gente a participar muito. E umha cousa está clara, a luita é o único caminho. E nunca, nunca, que nos quede claro, podemos deixar de luitar. Tocou-nos viver na Galiza, companheiras, no Planeta Terra. E neste planeta e neste país se nom luitas…

E unha vez máis, vemos que neste noso país o que tería que se converter nunha realidade grazas aos nosos gobernantes marcha cara á ficción… a merma de galego-falantes mingua e resulta que lle estamos a aumentar o espazo falante ao inglés, obviando a vontade popular… Até cando este “Prestige” terá que seguir a botar lixo sobre o galego?

Até que nos próprias, a cidadania, decidamos participar de forma responsável. A vitalidade da língua depende da participaçom social. Nom podemos esperar por mudanças de governos que chegam ou nom chegam cada quatro anos. Devemos saber que nós somos responsáveis desde o momento em que nom participamos na associaçom de vizinhanza, nas festas do bairro, no coletivo de defensa da natureza, etc. A língua defende-se com o ativismo social, numha situaçom como a do nosso país. O projeto de escolas em galego Semente é um exemplo do que pode fazer um coletivo de persoas, umha rede social de colaboraçom popular, de base, para impulsar um novo modelo para a mudança social. Nom há fórmulas mágicas mais alá da autogestiom, da criaçom de espaços liberados entre muita gente, e gente mais ou menos diferente.

Que mágoa que aínda vexamos os galegos que cousas como “Hai que botalos”, “Burla Negra”, “Nunca Máis”… aínda non poden ser historia senón que non perderon a súa vixencia nos tempos que corren…

Som, som história. Cumprirom o seu papel: aquel movimento cidadám conseguiu algo que mui pouca gente podia imaginar: botar a Fraga e desterra-lo. É curioso, eu vivo perto da Cidade da Cultura, vejo-a pola janela. E durante algum tempo cheguei a pensar que, talvez, o espírito de Fraga deambulasse por ali. Mas nom, nom está, o espírito de Fraga nom está na Galiza. Da-me a impresiom de que ficou por Madrid. Nom sei se em Vilalba… Há tempo que nom vou por Vilalba…

Mas hoje estám a construír-se outras formas de resisténcia… Há muita gente a trabalhar. Nom se lhe dá a importáncia que está a ter o movimento feminista, por exemplo, mas está a furar, a furar. Ou nom somos conscientes dos recursos que está a investir o Estado para estigmatizar e demonizar o independentismo que, apesar de todo. Há gente nos cárceres espanhois por questions políticas, nom o esqueçamos. E nestes tempos de caça de bruxas muita gente sabemos que entre Otegui e Carlos Calvo nom há muita diferéncia: estám no cárcere por vontade do mesmo estado represor e responsável da maior parte dos conflitos dos que vimos falando nesta entrevista. E aqui seguimos. Somos um povo que vem de mui longe e vai cara adiante, e como muita gente sentimos isso o caminho segue aberto. Isto aprendeu-mo Porrotx, o grande palhaso basco.

E, para rematarmos, temos que aludir á túa obra ilustrada, publicada on-line que saíu á luz no ano 2013 (Os sonhos de Maré / Canguru / Os tesouros de Baronha / Dúas noites na casa das bruxas). Nestas catro pezas vemos un percorrido polos diferentes temas de toda a túa obra, temas como a sociolingüística, o país… e co espazo galego omnipresente…

Pois já que falas destes livrinhos, aproveito para dizer que Os sonhos de Maré, com o poema Falarás a nossa língua está a buscar editora. Se há algumha editorial interessada em publicar em papel o poema, aqui estou.

Por: Carlos Loureiro Rodríguez
Publicado o 1 de Abril do 2015 | 11:23 a.m.

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